APOIO DESIGUAL À CULTURA DESESTIMULA GRUPOS REGIONAIS

A população e a Prefeitura de Mogi das Cruzes divergem em opiniões, e as atrações culturais da cidade têm pouca procura

Cauê Martinelli, Tamires Vichi (3ºA)

A Agenda Cultural de Mogi das Cruzes, em maio, completou quase todos os seus dias com exposições artísticas, peças teatrais, palestras e música. Destaque para as últimas 24 horas do mês, nas quais 52 atrações em 40 pontos distintos de Mogi das Cruzes integraram a 7ª edição da Virada Cultural Paulista, uma iniciativa do Governo do Estado de São Paulo com a Prefeitura de Mogi das Cruzes. No entanto, mesmo com tanta empolgação, parte da população não se dá conta dos eventos da cidade. Os próprios grupos culturais não se identificam com a maneira com que os órgãos públicos conduzem esta política social.

O município possui alguns casarões históricos, os museus, nos quais oficinas culturais são desenvolvidas, filmes são exibidos e obras diversas são expostas. Segundo uma das monitoras do Casarão do Carmo, Sandra Gomes, “Aqui temos bastantes atividades, esse prédio é exatamente para isso, atividades culturais. Hoje nós contamos com bastantes oficinas também”.

Mas o estudante de Letras, Júlio Cesar dos Santos, 24, um dos colaboradores do Casarão Mariquinha, projeto independente, que busca identificar a cultura regional através de oficinas e revelar artistas do Alto Tietê, discorda da afirmação de que a Prefeitura ofereça tantos meios culturais e diz não ter apoio para a manutenção do projeto que desenvolve. “O dono deste prédio, filho da Mariquinha, tentou diversos meios com a Prefeitura, com a Comphap, para tornar um patrimônio histórico, mas Mogi não tem uma política para isso”.

Já a aluna de Direito, atriz e professora de teatro e artes, Tamara Pinheiro, 23, pontua a desvalorização dos artistas regionais e também como a verba destinada para a cultura é distribuída de forma indevida, “Atualmente, a politicagem cercou nossa cidade e adotou-se, novamente, a política de ‘pão e circo’. Fazem o mínimo do mínimo para dizer que fazem… Os apoios existem, mas são direcionados a coisas absolutamente específicas, Virada Cultural é um exemplo. Se tivesse parceria e toda essa verba bem investida, existiriam muitos benefícios duradouros”, afirma. Tamara completa dizendo que esse cenário poderia ser diferente se existissem planejamentos e reuniões públicas em que as autoridades pudessem saber a carência dessa classe artística, concluindo que a população deveria se mobilizar pela valorização de seus direitos, tendo mais contato com o meio artístico e uma educação cultural.

Exposição sobre a Festa do Divino durante os anos, no Casarão Mariquinha. Foto: Cauê Martinelli.

Exposição sobre a Festa do Divino durante os anos, no Casarão Mariquinha. Foto: Cauê Martinelli.

 

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